Luís Perdiz nasceu em Campinas/SP. Poeta, compositor e editor, coordena a revista eletrônica Poesia Primata com foco em literatura brasileira contemporânea.
Desejo de terra, seu livro mais recente, foi contemplado com a bolsa de Criação e Publicação Literária ProACSP. Com apresentação de Jorge Mautner e prefácio Claudio Willer, a obra retoma suas principais influências: o modernismo brasileiro, a tropicália, o surrealismo e a geração beat.
Os poemas a seguir foram selecionados da obra Desejo de terra (Primata / Patuá, 2019), disponível para aquisição neste link.
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Através dos sonhos
sambamos cegos
de tanto néctar.
As raízes rugem
anunciando o sol.
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Uma flor me abriu no meio
e eu quero seu mistério.
Venho das chamas anunciar
a pressa em ser a presa
que nunca se encerra.
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Cultuar o calor.
Deter a violência
camuflada de mito.
Metamorfoses
contra metralhadoras.
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Naquela tarde
nos sugamos
como tangerinas.
Flechas feridas
derramadas no pomar.
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Desejo de terra.
Viver o risco da beleza
nas paixões desordenadas.
Vertigem ágil entre
a garganta e o naufrágio.
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A biologia é fraca
quando o mormaço dói.
Mas as veias resistem
na onça-pintada
submersa no crepúsculo.