Henrique Duarte Neto, nasceu no interior de Santa Catarina em 1972, é graduado em Filosofia pela UFSC e doutor em Literatura pela mesma universidade. É autor dos seguintes livros de poesia: Musas seguidas de poemas filosóficos (Insular, 2019), Provocações 26 (Kotter, 2019), 34 pequenos exercícios poéticos (Primata, 2020), 3 em 1 (Kotter, 2021) e À espera do fantasma da liberdade (Primata, 2022).
Os poemas a seguir foram selecionados do livro À espera do fantasma da liberdade (Primata, 2022), disponível neste link.
8
verão, a carne sofre
em descompasso íntimo:
sol na meia-idade.
21
cerração espessa,
dilema entre ver, não ver,
na manhã dispersa.
26
oh! vida inerme!
tonto qual paquiderme,
esperando meus vermes.
POESIA-LIBERDADE
É o tiro no escuro,
à espera do fantasma
da liberdade.
É o ver e não ver,
fantasticamente
misterioso.
É a dor no pé amputado,
fantasia mesclada
com realidade.
É bem-querer e maldizer,
humanas contingências
de nossa volição.
É o beijo da morte,
certeza inerente
de quem é vivo.
É fazer das palavras demiurgo,
um modo de ludibriar
a finitude.
O SILÊNCIO DAS HORAS
Foi-se o silêncio das horas,
em que tudo era bem-aventurança,
agora fico a esperar pelo tempo:
em que tudo era bem-aventurança,
foi-se o silêncio das horas.