Greta Benitez, autora do livro Canção Antiqüe, nasceu em Curitiba, no ano de 1971. Cresceu abençoada por intensos invernos, o que a fortaleceu para procurar o encontro com as palavras. Lançou Rosas Embutidas (Edição do Autor, 1999) e Café Expresso Blackbird (Landy, 2006). Foi publicada em revistas como Oroboro, Et Cetera e Continuum (Itaú Cultural). Também está em edições eletrônicas como Zunái, Germina e Escritoras Suicidas. Recebeu diversos prêmios em vários estados do Brasil e participa da antologia Todo Começo é Involuntário – A poesia brasileira no início do século 21 (Lumme, 2010), organizada por Claudio Daniel.
Os poemas a seguir foram selecionados do livro Canção Antiqüe (Patuá, 2013).
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Sou tão velha que meus amantes já são nomes de ruas
Sou tão velha que minhas vontades já estão nuas
Sou tão velha que minhas verdades já são as suas.
Eu sou do tempo em que se fumava no cinema.
Sou tão velha que minha voz agora é boa para ler um poema.
Sou livre:
Posso fazer o que quiser que ninguém liga.
Parte de mim
Mora numa foto antiga.
CÃES DOS JARDINS
Lindos cães dos Jardins
Deitados sob as mesas
Onde seus donos estão sentados
Olhando a cidade que se move
Línguas ondulam em caimento perfeito
Olhar feito de puro ensinamento
Dignidade
Honestidade
Tudo isso mora
Dentro dos cães dos Jardins
E sobre a mesa
Um café preto, água mineral
E um jornal
Que contém todo o horror do mundo.
HELSINKI
Tudo o que nos une
Não é nada óbvio
Porém bastante sério
O livro sobre o crime
A foto tirada em Helsinki
Folhas de louro
Um sofá de couro (que eu detesto)
Lembra do resto?
Analgésicos
A sorte lida pelo anão
Laços de gorgorão
E a consumação do incesto.
CHECK-IN
Estupendo !!!!!!!!!!!!!