Matheus José Mineiro

Matheus José Mineiro – 1988, da Zona da Mata de MG. Autor do livro A Cachoeira do Poema Na Fazenda do Seu Astral, Selo Tomate Seco/2013. Integra a Oficina de Experimentação do Poema/MG. Produz artesanalmente e expõe em eventos culturais e calçadas a Apologia Poética. Já participou de eventos como Amostra Grátis/Geringonça/Norte Comum, Poesia F.C/Sesc Campinas, Off Flip/Paraty, Festival de Inverno de São João Del Rey/MG, Alt Fest/Fliporto, Mostra Poesia Agora/Museu da Língua Portuguesa/SP, Oficina Experimental de Poesia e diversas publicações impressas e eletrônicas. A Editora Urutau prepara seu próximo volume de inéditos para este 2016 com o título Galáxia Pupila. www.apologiapoetica.blogspot.com

Desenhos da Rê , artista, ilustradora e graduanda em Arquitetura -Viçosa/MG.
Contato – [email protected]


1. Sem título, 2016_




e os dias, este porco do pantanal                    
arruando pelo quintal,                 
depredando a aorta,                     
pisoteando as rúculas                      
e mordendo a maçã do rosto                          
como se bicasse um hímen                             
ou mastigasse um galpão de zinco.

de um lado se ouve                                    
os dentes de aço do garfo                 
deslizando pela barriga fumê de um vitral;
do outro lado do cérebro                                 
é como se uma água de pia         
escorresse no rosto pela manhã.
mas uma capivara desnutrida, zonza,    
escora no canto superior do cérebro          
e atinge este poema;
                            criado mudo sendo arrastado
                            de madrugada.

a sensação de ver um pavão alçar voo,
o besouro romper a pupa,
a égua parir seu potro no pasto,
a polinização das plantas,
a mendiga dizendo um bom dia
e o beijo entre dois gays negros
te esticam por dentro
      cem anos luz
      para dentro de si mesmo.

foco na confeiteira que manuseia o glacê
mesmo com tanta amargura e acidez ao seu derredor.

tende a ser uma usina de produção de êxtases,
dentro de uma outra engrenagem,
porém enferma e, ainda por algum tempo, azul.

medindo-se na mesma altura do solo, e não sendo degradado
por um coquetel de agrotóxicos.

e com o fêmur e o córtex que couberam perfeitamente
dentro de uma alucinação e de um entusiasmo
                                                                          da silvia plath.


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