Leonardo Marona (1982) nasceu em Porto Alegre. Vive no Rio de Janeiro. Publicou os livros: Pequenas biografias não-autorizadas (poesia, 7Letras, 2009); l’amore no (poesia, 7Letras, 2011); Conversa com leões (contos, Oito e meio, 2012); Óleo das horas dormidas (poesia, Oficina Raquel, 2014); Cossacos Gentis (romance, Oito e meio, 2015); Herói de Atari (poesia, Garupa Edições, 2017); Dr. Krauss (novela, Oito e meio, 2017); Uma baronesa às quatro da madrugada (poesia, Ed. Urutau, 2018). Acaba de lançar o romance Não vale morrer pelas Edições Macondo.
Os poemas a seguir foram selecionados do livro Baby Buda (Corsário-Satã, 2021), disponível para aquisição neste endereço.
BABY BUDA
quero aqui no meio desta
confusão poder aprender
a estar desatento de mim
sem, com isso, me perder.
observo os tipos vaidosos:
o que conta seus ganhos,
o que conta suas perdas,
o que diz como não conta,
o que conta como não diz.
quero ser o que não conta
mas sabe o que não conta
e, sem contar, se esquece
e se esquecendo, aprende.
fazer do pequeno, grande
e, do grande, o que passa
sem deixar grande rastro.
olhar para o varal vazio,
tão perfeito de ausência.
não pensar na roupa suja
mas no corpo que cobriu
a roupa suja com sujeira.
derrubar todas as portas,
receber o que sem nome
vive atrás do meu futuro
e morre além do passado
na mata funda da clareira.
participar da grande feira:
os bolsos cheios de nada,
com a fome dos planetas.
arrancar por fim os olhos
e tomar banho no escuro:
escorrer no ralo do nome.
dar migalhas aos filhotes,
deixar sem fazer barulho
o leão dormir com fome.