Jéssica Iancoski: irreVERsível (2022)

Jéssica Iancoski é escritora, poeta, artista gráfica e editora. Em 2022, foi finalista do Prêmio Jabuti (poesia) e vencedora do Prêmio Candango de Literatura (Capa). Tem participações em antologias, jornais e revistas. Já publicou no Brasil, Argentina, Colômbia, Espanha, Galiza e em Portugal. É idealizadora do Toma Aí Um Poema (podcast, revista e editora) e responsável pela primeira publicação de pelo menos 1k de autores e autoras. Já produziu e distribuiu mais de 1600 poemas para o audiovisual, em plataformas como Spotify, YouTube, Instagram e TikTok, somando mais de 1 milhão de acessos.


Os poemas a seguir foram selecionados do livro “irreVERsível” (Toma Aí Um Poema, 2022).



AMAVISSE

(à espera da tua fome)


depois de tudo, tentaremos todos voltar
— à luz que um dia nos foi dada

aos poucos, chegarão as gentes reivindicando
— a péripla da conquista: este andar em volta:
exaustivo, inaudito e salivoso do verbo amar

como o dedo que em círculos dissolve o mel
e o açúcar, cada um há de absolver o amor antigo
— findo, partido, sofrido — e reviver a dissolvência

da paixão: aquele primeiro grito devolvido:
a sofrência, a clemência, o perdão

no instante interminável da penumbra
o peito tingido de vermelho — ainda que imperfeito —
há de berrar — sempre — mais alto

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Jéssica Iancoski: A Pele da Pitanga (2021)


Jéssica Iancoski é contista infantil, poeta, editora e criadora de conteúdo digital. Ao todo, seus projetos somam mais de 1 milhão de acessos (Spotify e YouTube). É autora de “A Pele da Pitanga” e “TeXtosterona: do X à neutralidade dos homens”. Participou de diversas antologias e revistas nacionais e internacionais (Argentina, Colômbia, Espanha, Galiza, Peru, Portugal). É fundadora do “Toma Aí Um Poema” — maior podcast lusófono de declamação de poesia. Para Ernani Buchmann, presidente da Academia Paranaense de Letras, a poesia de Jéssica Iancoski, em “A Pele da Pitanga” é um manifesto e “inaugura no país uma poética raiz, algo inusitado”.


Os poemas a seguir foram selecionados do livro “A Pele da Pitanga” (Toma Aí Um Poema, 2021).


MAMA NA TETA DA MATA


quem desmata
mata não só a mata

mata e ninguém fala
mata e o estado cala

matam a mata
matam à bala

a boca brasileira cala
a cara brasis nata

a boca branca bebe e
mama na teta da mata

a boca branca mata
e mama na teta da mata

mata e mama
na mama da mata

mama e mata
— é mamata.


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