Orides Fontela: Rosácea (1986)

Orides Fontela, uma das mais importantes poetas contemporâneas brasileiras, nasceu em São João da Boa Vista (SP) no ano de 1940 e faleceu em Campos de Jordão (SP) em 1998. Mudou-se em 1967 para a capital paulista, onde cursou filosofia na Universidade de São Paulo. É autora dos livros de poesia Transposição (Instituto de Espanhol da USP, 1969), Helianto (Duas Cidades, 1973), Alba (Roswitha Kempf, 1983), Rosácea (Roswitha Kempf, 1986) e Teia (Marco Zero, 1996). Sua obra foi reunida em 2015 pela editora Hedra, acrescida de poemas inéditos.





Os poemas a seguir foram selecionados do seu livro Rosácea (Roswitha Kempf, 1986). Confira a postagem sobre suas outras obras neste endereço.





AURORA


Rosa, rosas. A primeira cor.
Rosas que os cavalos
esmagam.


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Rubens Jardim: Cantares da Paixão (2008)

Rubens Jardim, 72 anos, jornalista e poeta. Publicou poemas em diversas antologias no Brasil e no exterior.  É autor de cinco livros de poemas: ULTIMATUM (1966), ESPELHO RISCADO (1978), CANTARES DA PAIXÃO (2008), FORA DA ESTANTE (2012) e ANTOLOGIA DE POEMAS INÉDITOS (2018). Organizou e publicou JORGE, 8O ANOS (1973) – uma espécie de iniciação à parte menos conhecida e divulgada da obra do poeta alagoano e que foi o pontapé inicial do ANO JORGE DE LIMA, em comemoração aos 80 anos do nascimento do poeta, evento que contou com o apoio de Carlos Drummond de Andrade, Menotti del Pichia, Cassiano Ricardo, Raduan Nassar e outras figuras importantes da literatura do Brasil. Integrou o movimento CATEQUESE POÉTICA, iniciado por Lindolf Bell em 1964, cujo lema era: o lugar do poeta é onde possa inquietar. O lugar do poema são todos os lugares.





Os poemas a seguir foram selecionados do livro Cantares da paixão (Editora Artepaubrasil, 2008). Ao final da publicação, há também um poema inédito.




AUTORRETRATO


Até que enfim
Não dei em nada
Dei em mim



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Bruno Brum: Tudo pronto para o fim do mundo (2019)

Bruno Brum nasceu em Belo Horizonte, em 1981. É poeta e designer gráfico. Publicou os livros Mínima ideia (2004), Cada (2007) e Mastodontes na sala de espera (2011, vencedor do Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura, na categoria Poesia, em 2010). Tem trabalhos publicados em periódicos e antologias no México, na Argentina, no Peru, no Paraguai, na Espanha e nos EUA. Em 2018, a Antônima Cia de Dança apresentou em São Paulo o espetáculo Isso ainda não nos leva a nada, inspirado no livro Mastodontes na sala de espera. Vive em São Paulo desde 2012.


foto: Tatiana Perdigão

Os poemas a seguir foram selecionados do livro Tudo pronto para o fim do mundo (Editora 34, 2019).



O PORCOSSAURO


O Porcossauro não está contente.
Precisa de novos amigos
e um novo lar.
Precisa se esforçar mais
e entender que nada na vida vem fácil.
O Porcossauro caminha pela cidade observando os outros porcossauros
aparentemente mais felizes do que ele.
Sabe que é hora de mudança.
Mas mudar o quê? pergunta-se, angustiado.
Ninguém poderia estar mais triste.
Nem mesmo os porcossauros que não têm onde morar e o que comer.
Tudo depende de você, dizem os porcossauros felizes.
E isso só piora as coisas.
O Porcossauro pensa na Porcossaura e no Porcossauro Jr.
A angústia aumenta.
Não há para onde ir, conclui, atravessando a rua.
Não há por onde continuar.
Mas deve haver um jeito.
Deve haver um jeito, resmunga.
Ou não me chamo Porcossauro.


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Isabela Sancho: A depressão tem sete andares e um elevador (2019)

Isabela Sancho nasceu em Campinas, em 1989. Integra o corpo de poetas do portal Fazia Poesia e segue o Curso Livre de Preparação do Escritor na Casa das Rosas. É autora e ilustradora dos livros de poemas As flores se recusam (Editora Patuá, 2018 – finalista no Prêmio Literário Glória de Sant’Anna 2019, Portugal) e A depressão tem sete andares e um elevador (Editora Penalux, 2019). Ainda em 2019, terá sua primeira plaquete publicada pela Editora Primata e seu terceiro livro pela Editora Urutau.



Os poemas a seguir foram selecionados do livro A depressão tem sete andares e um elevador (Editora Penalux, 2019).



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O ronco do motor,

o elevador desemperra
na cólera
de um ressono.

Solavanca
e então breca

grosso e brusco.


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Mariana Varela: Tempestade musicada (2018)

Mariana Varela lançou, com 26 anos, seu primeiro livro de poemas pela Editora Primata, intitulado Tempestade Musicada. Os seus poemas constelam viagens e labirintos filosóficos bem musicados, atravessando com emoção e revolta questões existenciais e concretas da experiência feminina nas cidades e no mundo contemporâneo.


Os poemas a seguir foram selecionados do livro Tempestade musicada (Editora Primata, 2018)



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ROTINEIRA CONTRADIÇÃO


Cheia de arte
de palavras
cheia de rimas
de conexões lógicas impróprias

Cheia de vida
cheia de raiva
cheia de fome
cheia de vôo
cheia de rios, lotada de sonhos
e ilusões

(a liberdade na terra se esconde
e a felicidade se torna
a tranquilidade vazia
da repetição)

Estou farta, porque tranquila
estou cheia, porque ausência
liberta, porque aprisionada

E fracassada porque nasci
na selvagem vida dos homens
e sou fêmea, que carinho

– Eu estou cheia
porque a vida

Vazia


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