Mariana Varela: Enigmas de jaguar e jasmim (2020)

Mariana Varela Camara, poeta nascida em setembro de 1991, publicou Tempestade Musicada pela Editora Primata (2018) e Enigmas de Jaguar e Jasmim pela Editora Urutau (2020). É cientista social formada pela Universidade de São Paulo com mestrado em sociologia pela Universidade Nova de Lisboa. 



Os poemas a seguir foram selecionados da obra Enigmas de Jaguar e Jasmim (Urutau, 2020).



IMAGEM E PARTE


Você me diz imagem

Eu tropeço no sol,
verdadeira miragem.

Você me diz máquina

Eu rejeito
E com o tempo planto
maracujás e larvas.

Você me diz pedra

Eu revolvo o âmago
Cato a pedra e quero
quebrar a máquina.

Você me diz pássaro

E lamenta o canto agudo
de um rio esquecido
na Amazônia.

Cavo um buraco
em cada palavra
que me dizes

Buscando tirar delas
seu sangue-fato

Mas fracasso.

Caio de novo
no papel em branco

Imagem Máquina
Pedra Pássaro

Lembro de cada coisa
Sua infinita dor
E parto.

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Carina Carvalho: Corpo clareira (2019)

Carina Carvalho nasceu em 1989, em São Paulo. É autora do livro de poemas Marambaia (Editora Patuá, 2013), da plaquete Passiflora (edição da autora, 2017) e do livro Corpo clareira (Editora Feminas, 2019), recém-lançado. Tem textos publicados em algumas revistas digitais e impressas. Em <clcarina.wordpress.com> é possível acompanhar um pouco desses caminhos.


Os poemas a seguir foram selecionados da obra Corpo clareira (Editora Feminas, 2019).


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relance de olho miúdo não pega descanso
em ponto cego. só reluz minúcia diária:
– quantos brincos a gente tem na cara…

e quantas vezes você pisca nas semanas mais terríveis?
ou então falamos de lentes. das que botam o mundo
como um borrão pra dentro do bolso

no mais,
se é furo em mucosa, miopia ou inchaço,
isto é o corpo diariamente modificado

olhos que sofrem cores
e marcas mais rosadas que os pequenos lábios

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Arthur Lungov: Corpos (2019)

Arthur Lungov é poeta e editor de poesia da revista Lavoura. É autor do Corpos (Quelônio, 2019), obra que foi contemplada pelo 2° Edital de Publicação de Livros da Cidade de São Paulo; e da plaquete Anticanções (Sebastião Grifo, 2019). Foi publicado em coletâneas e revistas literárias. Email para contato: [email protected]



Os poemas a seguir foram selecionados da obra Corpos (Quelônio, 2019).



CAMINHO

rasgos
na pele

sendas abertas
traçadas

prefere fazer as vezes de
campo percorrido e
marcado

gente que não têm medo
de cartografar as
próprias vias

que jamais enterrou sem cruz
algo ou alguém
nas beiras
de si

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Susy Freitas: Alerta Selvagem (2019)


Susy Freitas nasceu em Manaus, Amazonas. É autora do livro de poesia “Véu sem voz” (Bartlebee, 2015) e “Alerta Selvagem” (Patuá, 2019), vencedor do Prêmio Violeta Branca Menescal, destinado ao melhor livro inédito de poesia no Prêmio Literário Cidade de Manaus. É uma das editoras da Revista Torquato (www.revistatorquato.wordpress.com). Já publicou poemas na Revista Subversa, Revista 7 faces, Mallarmargens, Jornal Plástico Bolha, Revista Sirrose, Revista Sexus, dentre outras. Posta ocasionalmente no Medium (www.medium.com/@susyfreitas) .



Os poemas a seguir foram selecionados do livro “Alerta Selvagem” (Patuá, 2019).

AMAZÔNIDA (I)

Não me pergunte
sobre o rio – eu
fui cozida
no pavimento – eu
nunca soube
nada do rio – além
dos meus sedimentos – do
abraço morno
do domingo
flutuante

e o cenário todo
sorve esse sentir.

Lá abraço o rio
que aperta tudo
num nado
devorado –
longe da margem
pra longe da tarde.

Não me confunda com esse lugar
nasci aqui – mas meu rosto mente.
Não toco o chão com propriedade
na negação – beijo – o rio sente

e o cenário todo
sorve esse sentir.

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Lívia Corbellari: carne viva (2019)

Lívia Corbellari nasceu em 1989, em Salvador (BA), mas mora em Vitória (ES) desde 1996. É jornalista, mantém o projeto literário Livros por Lívia e também faz parte do núcleo editorial da Revista Trino, sobre literatura brasileira contemporânea. Carne viva é seu primeiro livro de poemas.

Foto: Heitor Righetti


Os poemas a seguir foram selecionados da obra Carne viva (Editora Cousa, 2019).


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veias enferrujadas
sangue duro
corações engarrafados

tentamos negar nossas origens
mas o ódio e a mágoa são hereditários
ainda assim
é irremediável amar

e eu não sei fingir
igual a minha mãe
e a mãe dela

mas você sabe machucar
igual ao seu pai
e o pai dele

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