Ricardo Corona: Cinemaginário (1999)

Ricardo Corona é poeta e editor. Autor de Cinemaginário (1999), Tortografia (2003), Corpo sutil (2005) e Curare (2011 – Prêmio Petrobras e finalista do jabuti), todos publicados pela Iluminuras, e Mandrágora (2017), pela Medusa. Em Portugal, Amphibia (Cosmorama, 2008); no México, Cuerpo sutil (Calygramma, 2014) e na Espanha, ¿Ahn? [Abominable Hombre de las Nieves] (Poetas de Cabra, 2011). Traduziu, em parceria com Joca Wolff, os livros Momento de simetria (Medusa, 2005) e Máscara âmbar (Lumme, 2008), do argentino Arturo Carrera. Traduziu também Livro deserto (2013) e Palavrarmais (2017), ambos da poeta e artista visual chilena Cecilia Vicuña, e Retrato dos Meidosens (2022), do poeta belga-francês Henri Michaux, pela Cultura e Barbárie/Medusa. Mora em Piraquara, região metropolitana de Curitiba.


Os poemas a seguir foram selecionados do livro Cinemaginário (1999), reeditado em 2014 pela Patuá.



MISS TEMPESTADE


Miss Tempestade não tem tempo
O cinza avança sobre o azul
Hieróglifos elétricos riscam o céu
Escreva, Miss Tempestade
Que esse dia branco é seu
Despenque sobre esse vazio
Preencha o silêncio de Deus
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Escreva, Miss Tempestade
Não contemporize a sua intensidade

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Mirian de Carvalho: O Camaleão no Jardim (2005)

Mirian de Carvalho é Doutora em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), da Associação
Internacional de Críticos de Arte (AICA), do PEN Club e da UBE e membro Associado da
ABI, na categoria de Colaboradora.

Nos dias atuais, dedica-se à poesia, à crônica e à pesquisa no campo da cultura
brasileira. Agraciada com várias láureas literárias, entre elas o Prêmio João do Rio
(poesia) e a Medalha José de Anchieta, que lhe foram concedidos pela Academia
Carioca de Letras em 2016. Nesse mesmo ano recebeu o Prêmio Sérgio Milliet, da
Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), pela publicação de livro A brasilidade
na pintura de César Romero
(pesquisa).


Os poemas a seguir foram selecionados do livro O Camaleão no Jardim (Quaisquer, 2005).



POR ONDE SAÍ


Pelos cantos da cozinha, o cano
furado enrugava crostas sobre
a pele de ferro quase rasgada
à repetição dos dias.

Ao fim do trajeto, a torneira pingando
enchia o balde – aguçando-lhe o gosto
do vazio (que não rumoreja). Quando
findava a tarde. E sempre.

Mórbidos, os lugares daquela casa.
Ao relembrá-los visito-me na soleira,
pisando o reverso da entrada.

Ante a terra do jardim pintado ao fundo
da varanda, descansei meus pés.
Por onde saí, não me lembro.

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Paulo Scott: Luz dos Monstros (2022)

Paulo Scott é autor de, entre outros, A timidez do monstro (Cia das Letras, 2006) e Mesmo sem dinheiro comprei um esqueite novo (Cia das Letras, 2014). Seus textos estão publicados em Portugal, Inglaterra, China, Argentina, Alemanha, Croácia, México, França e Estados Unidos.


Os poemas a seguir foram selecionados do livro Luz dos Monstros (Aboio, 2022), que pode ser adquirido neste link.



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não é no jardim da ignorância
o corpo que não quer responder

contingência no possível do tempo
combinando-nos em olhos que esqueceram

nada é familiar nesse ouvir
o erro que não condiz

no que pusemos a limpo
porque no medo daria, juro, daria

se você não estivesse rindo

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Camila Martins: Três segundos de frente para o abismo (2022)

Camila Martins é paulistana, socióloga e atua há mais de uma década como jornalista. Depois de tanto escrever para os outros, iniciou a travessia para encontrar uma escrita que transforme em linguagem seus desejos e experiências. Cursa a pós-graduação em Formação de Escritores, no Instituto Vera Cruz, e o Curso Livre de Preparação de Escritores com foco em Poesia , na Casa das Rosas. Três segundos de frente para o abismo é seu livro de estreia.


Os poemas a seguir foram selecionados do livro Três segundos de frente para o abismo (Tamuatá, 2022).



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a floresta
exige presença
com o corpo inteiro




se a cabeça
vaguear
ela cobra

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