Antonio Aílton (Bacabal – MA, 1968), é poeta, professor, pesquisador da poesia contemporânea. Tem participado nos últimos 30 anos, mais diretamente, do cenário cultural e literário da cidade de São Luís do Maranhão. Doutor em Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Livros publicados: Cerzir – livro dos 50 (Poesia, Penalux, 2019), Martelo & flor: horizontes da forma e da experiência na poesia brasileira contemporânea (Tese-ensaio, EDUFMA, 2018), Os dias perambulados e outros tOrtos girassóis (Poesia, Fundação de Cultura do Recife, 2008), Compulsão Agridoce (Poesia, Paco Editorial, 2015), Humanologia do Eterno Empenho (Ensaio sobre a poesia de Nauro Machado, FUNC, 2003), As Habitações do Minotauro (Poesia, FUNC-MA, 2001). Membro da Academia Ludovicensse de Letras, cadeira de Maranhão Sobrinho.
E-mail: [email protected]
Site: www.antonioailton.wordpress.com
Os poemas a seguir foram selecionados da obra Cerzir – livro dos 50 (Poesia, Penalux, 2019).
A LIÇÃO
O que apreendi da pedra aprendi do pântano
com um pouco mais ou menos de meditação
Os ventos falam pouco, mas assoviam
a sua solvência de séculos, carregando
o fardo fátuo das estradas
Aprendo dos elementos porque aprendo da viagem
que esteve sempre ao meio do caminho
no qual ainda estou agora, e que se reajusta
no corpo traspassado da almação
Um dia basta para o ritmo, números e números
não
₰
Chegas do teu longo passeio de anos
enquanto emagreço entre pedras e marés
chocando o futuro da espera
Mas um coração calejado é um coração pronto
para quando o retorno acontece
trazendo quem sabe alvoroço
iluminação
Agora, asperge o gelo
escorre teu cabelo
e sobe
FUMÊS AO CREPÚSCULO
Reinventar a vida é redimi-la de toda a sua crueza
não de suas mediações
É preciso desculpá-la em seu teatro cósmico
e reconhecer que nós continuamos
a ser tão ranzinzas, tão mesquinhos
William Carlos William deveria estar vivo
para ver este crepúsculo
Diante do mar
nós tiraríamos calmamente os nossos óculos