Escritor e ilustrador. Vive em São Paulo. Sua única regra é obedecer aos comandos da imaginação. Para isso, para manter essa fogueira acesa, se alimenta diariamente de poesia, da poesia das imagens, das palavras, da realidade, dos sonhos. Artes plásticas, literatura, cinema, teatro, música, fotografia, um café de tarde, uma madrugada insone, uma luz de outono, tudo entra no vagão da criatividade na hora de acelerar e soltar fumaça. Gosta de refletir sobre como cada processo subjetivo nos ajuda a construir e inventar significados para os fenômenos e experiências.
Mais do seu trabalho em: http://cargocollective.com/andrebonani
Os poemas e as colagens a seguir fazem parte da plaquete suceder (Editora Primata, 2016):
COCHILAR
lampejo dos que comigo não chegaram, dos que somente em mim caminho
adentro galgaram.
trafegam em bicicletas de algodão,
correndo macio,
são lenços em galáxias de nomes,
ganham forma,
são quase.
mas os olhos reabrem
e a tarde se refaz,
porcelana bege.
PULSAR
meu pulso, vez em
quando
indigesto
dunas afora, não
raro
converte-se
em pedradas que lanço
ao silêncio.
então, contemplo-
me:
guardião de plumas,
pouco posso
além
de provar
o vermelho das
máscaras que os
dias me
ofertam.
DESTILAR
destronar-me,
lavar-me,
purificar-me,
secar-me
ao sol,
sublimar,
até que em
mim
o humano
dispa-se,
voe longe,
embora pra sempre,
e reste eu
só,
sossego,
sopro
novo do vento
numa
ciranda de libélulas.