Djami Sezostre: Óbvio oblongo (2019)

Djami Sezostre, criador da Poesia Biossonora e da Ecoperformance, é autor dos livros: “Lágrimas & Orgasmos”, “Águas Selvagens”, “Dissonâncias”, “Moinho de Flechas”, “Cilada”, “Solo de Colibri”, “Çeiva”, “Pardal de Rapina”, “Anu”, “Arranjos de Pássaros e Flores”, “Cachaprego”, “Estilhaços no Lago de Púrpura”, “Yguarani”, “Silvaredo”, “Z a Zero”, “Eu Te Amo”, “Onze Mil Virgens”, “O Menino da sua Mãe”, “Zut”, “Cavalo & Catarse”, “Salmos Verdes”, “O pênis do Espírito Santo”, “Cão Raiva”, “Óbvio Oblongo”, “O pássaro zero”.



Os poemas a seguir foram selecionados do livro “Óbvio Oblongo” (Laranja Original, 2019).


FLORMÃE

A minha mãe saiu pelo mundo
Ela queria pedir pelo filho que
Não falava a não ser pelos dentes
Que mordiam a boca da irmã
Ela queria pedir pelo filho que
Não falava a não ser pelas mãos
Que mordiam a boca da irmã

Como dentes que mordiam
Como serpentes não a irmã

E sua boca de beijos como
Serpente aos lábios de lótus



VENTO

Vamos dormir
Antes do vento

Vamos acordar
Antes do vento

Antes do vento
Vamos fechar

Os olhos e
Olhar a ovelha

Olhar a ovelha
Até perder a

Vista e viver
Ao Vento



O PLANTIO

Eu, o plantador de gente,
Plantei o menino na cova
E deixei ele lá na cova, plantado
Alado para dentro da terra

Eu, o plantador de gente,
Plantei a menina na cova
E deixei ela lá na cova, plantada
Alada para dentro da terra

Se eu, o plantador de gente,
Vivia de plantar gente,
Achei que devia plantar

Também os sonhos
E esperar pela noite
Para, então, dormir

E acordar pela manhã
Para regar o plantio –

A morte essa carpideira


Primata