Rudi Renato Tedeschi Júnior, Porto Alegre (28/11/1994). Começou a escrever poemas aos 18. Em 2014, passou a vendê-los no parque da Redenção. Em 2016, criou sua página no Facebook, que alcançou mais de 6000 curtidas. Em 2018, publicou o livro Mania pela editora Livronovo. Em 2019, ingressou na faculdade de escrita criativa da PUCRS e publicou, pela editora Primata, o livro e quando a flor um sorriso.
Os poemas a seguir foram selecionados do livro e quando a flor um sorriso (Editora Primata, 2019).
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a tua voz quebrada entre os dentes
quase uma febre por olhos ou unha
hinários ora sob muita compra
com a pele à mostra da queimação
um grito de dor assim o gesto
de repente um adeus aos poucos
com a desculpa das piscinas o animal
o animal seu totem sob marte em vênus
e quando a flor um sorriso
como se um desabrochar onde teu corpo
aos berros como nos jornais
a espuma de barbear
teus ossos esmagados
o que teus olhos entre a cor do tempo
por que não falas sobre isso ou sobre coisa nenhuma
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a sobra dos teus coices
lá onde o marinheiro atordoa
se quisesse por um meio
o amontoado das freiras
se o extermínio tu o fizesses apenas com a força
mas sabe-se lá o que o amordaçar das moças
sabe-se lá o que o denunciar das fossas
animal que dorme no descascar do joio
animal que dorme no descascar do joio
mas o cobre no teu pente o cabelo desarrumado
entre o ar o vento a moça na corrente
animal que dorme no descascar do joio
sim a moça um animal
ao menos na cabeça deles
animal que dorme no descascar do joio
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mês a mês
a volta das manteigas ao pote
feito quem se torna homem quando um guri
que mês a mês um acovardar as esperanças
e se a manhã uma tempestade
o emprestar das gaiolas
sob um castigo de trem
e se mês a mês o cavalgar do cavalo
o aparar as leis
tu te entrosas no meio do fogo
no meio do fogo
às duas às três
mês a mês
a volta das manteigas ao pote
feito quem se faz fogo quando as leis
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se dois focos os pelos sobre os flocos do oi
se os moços os doces pelos olhos dos bois
se o amontoar os dedos
o acolchoar dos loucos
e se o morro o porco o soluçar dos doentes
e se o gorro do jovem o amordaçar as cabeças
mal sabe o pai de um dos mortos
o que os espera
a explosão a mais bela
a afocinhar as esperanças
das criancinhas na beira
a te acostumar às fossas
a te acostumar às fossas