Leandro Rodrigues (1976) nasceu em Osasco, São Paulo. É Poeta e Professor de Literatura. Já lançou os livros Aprendizagem Cinza (2016) e Faz Sol Mas Eu Grito (2018). Participou das antologias: Hiperconexões 3 – Carbono & Silício (2017), O Casulo (2017), Sarau da Paulista (2019), MedioCridade (2019) e 15ª Antologia SESC Carlos Drummond de Andrade (Brasília). Já teve poemas traduzidos e publicados na Espanha (revista sèrie Alfa) e nos Estados Unidos (revista Dusie Nº 21 da UCLA (Universidade da Califórnia)), também em diversos sites, jornais e revistas do Brasil e de Portugal.
Os poemas a seguir foram selecionados da obra Aprendizagem Cinza (Patuá, 2016).
O HOMEM DE PAPEL
Então acaba-se assim um homem
Num segundo – e já não existe mais.
O que fez; o que não fez – a tarde
O que faria; o que desejaria ainda.
Ponto final. Vira-se a página.
O homem é passado. Passou.
Recorte de recortes.
O livro fechado esquecido.
Mera ilusão. A noite
Empoeirada em estantes,
As revoltas (reviravoltas),
O sofrimento, a chama.
Sequer o adeus reservado.
Apaga-se.
ARESTAS
a noite pontuou
seus versos certeiros
pontiagudas arestas
farpas afiadas
no peito.
LAMINAÇÕES
Tenho uma faca
entre os dentes
pronta para cortar
a noite em palavras
FARPAS
uivo de sangue
a matilha estanca
a lua corada.
entre cortes e recortes
no farpado arame
dos dias
costuravas noites
com palavras despidas.