Rubens Jardim, 72 anos, jornalista e poeta. Publicou poemas em diversas antologias no Brasil e no exterior. É autor de cinco livros de poemas: ULTIMATUM (1966), ESPELHO RISCADO (1978), CANTARES DA PAIXÃO (2008), FORA DA ESTANTE (2012) e ANTOLOGIA DE POEMAS INÉDITOS (2018). Organizou e publicou JORGE, 8O ANOS (1973) – uma espécie de iniciação à parte menos conhecida e divulgada da obra do poeta alagoano e que foi o pontapé inicial do ANO JORGE DE LIMA, em comemoração aos 80 anos do nascimento do poeta, evento que contou com o apoio de Carlos Drummond de Andrade, Menotti del Pichia, Cassiano Ricardo, Raduan Nassar e outras figuras importantes da literatura do Brasil. Integrou o movimento CATEQUESE POÉTICA, iniciado por Lindolf Bell em 1964, cujo lema era: o lugar do poeta é onde possa inquietar. O lugar do poema são todos os lugares.
Os poemas a seguir foram selecionados do livro Cantares da paixão (Editora Artepaubrasil, 2008). Ao final da publicação, há também um poema inédito.
AUTORRETRATO
Até que enfim
Não dei em nada
Dei em mim
DEDO EM RISTE
Este poema não diz nada
da mesma forma
que a história não diz tudo.
Língua cortada:
este poema não fala
–falha.
E insiste
–dedo em riste.
ARTIMANHA
A arte é
Manha
De ver
A arte é
Manha
De vir
A artimanha:
Viver
.
Na montanha ou no vale
No riacho ou na cachoeira
Uma mulher me espera
Ele já habitou minha vida
E hospedou minha sede
Nos beirais mais íngremes
Hoje ela está misturada
As roupas que perdi e
Aos poemas que rasguei
Ela tem algo de Mira-Celi
Pois nunca se eclipsa toda
E está sempre ao meu lado
Ela esteve nas lamentações
De fevereiro quando anjos
Desapareceram dos espelhos
Mas antes ela caminhava
De mãos dadas com a sombra
Irretocável de minha mãe
Um grande poema, um gigante ser humano que nos deixou, hoje! Junto, um estupendo legado. Rubens Jardim, presente!!!